13 março 2007

vulcão


















foi em maio. maio passado.
que me deixaste esta fotografia no email.
para que lhe pudesse tecer uma versão.
se bem me lembro era isso.


....
o mundo não é um lugar diferente do que já foi.
há retóricas que se reciclam.
crianças.

o essencial, que é o estar nos sítios só podendo vestir um corpo de cada vez, permanece.
quando se é criança é-se. e não se pode ser mais nada ao mesmo tempo.


mãeee
aquela montanha cospe fogo?
cospe, mas não é fogo, são castanhas.
o que é que é castanho mãe?
é o fruto. de que se alimentavam as famílias pobres.
tu dizes que nós somos pobres. porque é que não comemos daquilo?
porque há peixe cozido. com bróculos.
eu quero saber ao que sabem. as castanhas.
depois não jantas.
janto sim. quero uma castanha. quero ver a montanha a cuspir.

16 outubro 2006

Apercebi-me que não queria deixar morrer este lugar, ainda. Acho que ainda não chegou ao estado que lhe permita um repouso de paz. Sinto que as palavras estão incompletas, que precisam de mais sentido e de se tornarem corpóreas, para ultrapassarem o facto de apenas serem um mero conjunto de letras que juntamos como se, por vezes, de um ditado mental apenas se tratasse. Busco a semântica para além da sintaxe, na ânsia de que um dia lhes sentirei o bater do coração.

14 junho 2006

Momentum





Nas fotografias encontro sempre palavras escritas de momentos, sentimentos, expressões, pedaços de tempo. Em cada disparo do obturador há histórias inteiras, romances, epopeias de vidas, registadas em luz e sombras e tons ou cores; e há ainda a poesia, muito pessoal, que só nós lhes podemos encontrar feita da alma que espelhamos em cada olhar que penetra o fotograma.


02 junho 2006

Palavras em troca


Atiro palavras
Já não sei ao certo a quem
Ou até o porquê
Apenas sei dizer
Que são minhas
E são de bem


E na troca não peço mais
Que palavras não sejam
Ao diabo com o ouro
E outras insignificâncias
Que de nada valem para mim


Peço palavras coloridas
E em todos os tons possíveis
Vestidas de sentimentos
E despojadas de preconceitos


Não quero o mundo
O sol ou coisas tais
Acho que, de verdade,
O que peço
Pelas palavras que atiro
Até nem é demais:
Amizade
Risos
Factos reais
Sonhos
E palavras em troca
Simples
Claras
Naturais.

01 junho 2006

Momentum





27 maio 2006

Azul, como azul de paz

Adoro esta sensação ao final de um dia: - a imensidão da areia que se prolonga mar adentro, o bater das ondas nas rochas, a espuma em branco sobre azul, a prata nas águas em mais um dia que se espreguiça e se deita; e a brisa traz consigo uma canção de mar que acalma a alma. Posso repetir vezes sem conta que nunca me canso desta paz em tons de azul.

19 maio 2006

Encontro



Há noites
em que me encontro
em que me sei
por momentos ser eu,
não que me procure
ou tenha propósito
necessariamente
de me encontrar,

porque ao fim e ao cabo
me sinto sempre perdido
e o costume de dias sem rumo
generalizou já o meu ser,
eu vagueio ao rumo
de quem na verdade
desconhece qualquer orientação

mas basta um qualquer sinal
uma luz, um cometa
uma voz
um rasgar na escuridão,
e encontro-me.
só então me sei ser:
jamais o que fui
jamais passado
e nunca futuro

amanhã foi palavra que larguei ao vento
e ficamos esquecidos

por vezes encontramo-nos,
eu e o futuro,
e tenho sempre uma sensação de dejà-vu,
passamo-nos ao lado
sem palavras
sem olhares
sem sentir,
a rua é estreita
e os corpos esguios
quanto o tempo permite
às presenças
que se proibem
ao contacto
e ao desejo
não se tocam
mas ficam no chão
rastos separados
e tempos diferentes

sós

hoje, eu
o futuro, amanhã


ficarei esquecido,
não me importo,
num canto do tempo
nas rezas e nas preces
eu, hoje,

sem lágrimas
sem tempo
contas perdidas
nos papeis outrora escritos
quando esperava grandiosidade
e amor
e na mesa do café
deixei um adeus e uma vida
sim, aí chorei
e extinguiu-se o passado.


a noite, outrossim,
é constante do meu ser
vivência dos sonhos
dos idílios
a que me entrego,
filho órfão, eu que
um dia adoptei a noite
abjurei até os pesadelos,
aliás os efialtas
apenas me perseguiram
aos meus oito anos
assombros de uma única noite
de terrores e suores
deles um que não esqueço
e nunca me abandonou
porém de teor irrelevante
para constar
da composição da alma
que componho
numa alquimia
eu que fundo o ouro em cobre
e a alma no nada
e das palavras faço morte
e dos papeis vazio
ao vento as letras
e as contas
números mágicos
desabitados
plenos de nada,
agora


certo dia
naufraguei numa tempestade de luar
e achei-me sem barco
e sem praia
ao sabor das vagas, naveguei
só então me soube no entendimento
do quanto é importante viver
e mesmo aprender a esquecer

- carpe diem!
e eu gozo a noite
não é contradição
mas de verdade
já não conheço o dia

não me sei a haver solstício
ou renascer
de sol que perdi há já muito

entreguei-me à noite intemporal
perdi o temor
da cadência das horas,
e creio-me a vaguear
para além da existência da alma
e pensamento que sou
sob a cobertura da noite
por vezes sei-me contente
eu que toquei já a grandiosidade
e agora sou nada
perdi a lua e o sol
e dos meus astros apenas
restam as estrelas


no céu pinto rastos de cometas
desenho constelações
e recito ao luzeiro
canções de embalar

paro,
sento-me e espero:
creio um destes dias
me encontre de novo
e numa dessas vezes
talvez perceba mesmo
quem sou de verdade
porque aqui estou
e o que é o amor.

12 maio 2006

Da intermitência das memórias






Dos momentos da vida ficam as palavras e alguns gestos talvez, o resto perde-se nos sorrisos fechados e nas palavras mudas; sabes, minha amiga, os sorrisos foram feitos para ser abertos, rasgados: só num sorriso pode haver salvação. Tudo o resto se perde volátil como as luzes que viajam na noite e as almas sem ardor no coração.


09 maio 2006

Dossier de vida


De vez em quando tenho uma recaída sobre o pensamento de todo o dossier de vida que carrego comigo e sobre como cheguei até quem sou hoje.

Cada término foi sempre ponto de partida para um novo início e cada início um grito, uma revolta. Fiquei quase sempre de alma lacerada cada uma das vezes de que me lembro, amarguei os lábios no fel, uma e outra vez, e não me consigo esquecer do grito: breve mas cortante, umas vezes ensurdecedor, outras inaudível; retalhou-me-me a alma e dei aos corvos os pedaços rasgados do ser que perdia, absorvido na sua capa de negritude. Talvez por isso ficou sempre uma parte do ser por regenerar, a alma pode ser eterna mas isso não a torna completa, só as vivências o podem fazer ou até, pelo contrário impedi-la de se completar. Consigo até aceitar a noção de predestino para partes da vida que me foi concedida, houve factos que me modificaram o viver em que a minha intervenção nunca poderia ter efeito algum sobre os mesmos, como o simples facto de ter nascido; não me coíbo todavia de renegar a predestinação como um facto absoluto, sempre fui da opinião de que parte do nosso destino somos nós que o fazemos e é nesse poder de decisão que pende o destino que construímos ou que destruímos e que criamos as revoluções que vão estabelecendo quem somos e o que vivemos.

Dito assim parece simples, o complicado mesmo é viver tendo por premissas o facto de não estarmos sós no mundo, de que na verdade o amor é muito mais complexo do que o ódio, até pelos dilemas que o simples facto de amar coloca, e que a dor de perder os que amamos ou o seu amor não tem comparação com mais nada.

02 maio 2006

Futuro

O teu exercício sobre um contínuo renascer das águas, da paz que se conquista nos momentos conseguintes, fez-me pensar sobre o que a mim me faria morrer e renascer.
A plenitude que te envolve depois do baptismo, como as paredes do vácuo envolvem o universo lembram-me um sentimento remoto.
Nostalgia de amigo perdido.
Já não é a primeira vez que te tento escrever.
E que depois me falta a coragem.
Deambulo pela blogosfera e surpreende-me que as pessoas estejam cheias de coisas para dizer, umas mais interessantes que outras.
Mas que tentem dizer o que lhes acontece é bonito e digno de admiração.
Parece que só sei escrever quando as coisas me tocam, quando me acontecem coisas comigo lá dentro.
Cada vez mais só sou efectiva naquilo de que estou próxima.
O resto perco a coragem ou preciso tanto de imaginação que fico cansada só de fazer um rascunho.
O que não quer dizer que não abra os noticiários e que não veja que, um pouco por todo o mundo, grassa a falta de espaço para os seres humanos se realizarem enquanto tal.
Sei que há um dia em que vou sair deixar o sítio onde nasci.
E sublinho que não será para a morte.


P.S. Quando a foto que sugeriste estiver pronta, eu também estou. Para a tentar fazer falar.

28 abril 2006

Azul de vertigem, azul de revolução





Por vezes apetece-me repelir o sol, saudar a negritude, violentamente cegar-me negando-me a qualquer réstia de luz para talvez me achar, para encontrar o meu eu mais puro sem mácula; que a luz queima e mancha. Tento aliviar o ardor num esfregar contínuo dos olhos na esperança que se afastem todos os vislumbres de memória dos dias e a vista alcance finalmente o infinito. Um dia sei que a minha alma atingirá paz, no entretanto rejo-a pela revolução, num eterno reconstruir, num eterno acrescer.

Sento-me na berma do precipício, ao fundo sinto as águas revoltas numa espuma dorida às investidas do vento; Inspiro todo o ar do mundo como o mesmo fosse acabar no momento seguinte e a eternidade se exaurisse ao toque do sol na água, abro os braços e deixo-me ir sem olhar. Não anseio a aurora, antes o sol-posto; A vertigem toma conta de mim, a vertigem e o azul profundo; É preciso que assim seja para que o espírito renasça e se refaça, sempre uma outra vez. Solto de todas as vezes um último adeus sempre que as águas me tocam e de novo o baptismo cerimonial me renova: morro para matar e só assim poder fazer viver a alma que se quer eterna. Sei que cresci, em cada vez, mais que na vez anterior. Levanto-me devagar, o processo é sempre confuso e, à excepção da vertigem, lento. Sinto a areia da praia sob os dedos dos pés e um vai e vem de ondas pequenas. Agora a paz momentânea. O mar acalmou e a lua reina sobre a paz refeita. Deito-me e aconchego-me, moldando o corpo às areias, diluo a alma na noite e nas canções do mar: agora posso adormecer.

24 abril 2006

acordar no mar

Fecho os olhos. Posso estar deitada na cama, desfeita de hoje de manhã, quente de hoje de manhã, apesar de não conseguir sentir o meu calor, devo-o exsudar, pelo menos quando dava as mãos a alguém e não era Inverno sentia muito calor e comichão nas palmas das mãos e então gotículas se formavam no centro da concha e a cócega aumentava, e inventava uma paisagem para apontar e dizia
Olha que bonito
pássaro
ou
prédio
Não gostava era de sentir aquele calor híbrido nas mãos. As minhas mãos quentes envergonhavam-me.

Agora já não sei se chego para aquecer a minha cama, mas presumo que sim, não acordo de noite, esvaída de sonhos ou a tremer.
Estava na parte em que me deito de costas e não interessa onde estou, interessa onde vou e quanto mais tempo lá conseguir ficar melhor.
Flutuo como uma mulher morta e sem memória,
à superfície de uma massa
de água
presa por um fio muito fino
à minha identidade.

Sabe bem abandonarmo-nos.
De quando em vez.
Como se pesássemos por breves instantes o mesmo que uma folha de papel, pronta para receber a história de uma vida através de uma fórmula infintamente aleatória.

Volto aqui
o fundo do mar como no búzio gigante que a minha avó trouxe de Moçambique
e que tinha uma capacidade admirável, o Oceano Índico lá dentro.

A verdade é que se sonho que sou leve assim
Percebo a vida

22 abril 2006

A praia, a lua e a amante vestida de luz


Erro meu de te pensar ainda por cá quando já estavas por terras de Vera Cruz. Não faz mal e é bom saber-te de novo por cá.


Presenteias-me com cheiros, calor e histórias como só tu sabes contar. Gosto dos teus quadros porque me fazes sentir lá, dentro deles; sabes, consigo até ouvir as vozes, os contos e os cantos e sinto-me a rodopiar, eu que sempre fui péssimo dançarino, nessas danças de palavras e alegria. Sabes, depois, talvez cansado de dançar ou talvez atingido pela vergonha da inexperiência, sento-me no areal ao som desse mar de paz e deixo-me inundar pela noite e pela acalmia mágica da lua, senhora minha; então adormeço e sonho o meu tempo de criança quando era inocente e não me tentava turtuosamente enganar, não havia ilusões, o tempo era infindável e tudo era possível, até ser feliz. Obrigado do fundo do coração, minha amiga, por me fazeres lembrar, nem que seja por momentos, de saber um dia ter sido feliz.

Paris é talvez diferente, com outras paisagens construídas, outras gentes e palavras quotidianas escritas de outro modo. Vou-te confessar um segredo: Paris seduz-me só pela pronúncia do nome; é uma amante fogosa desde que me recordo de a conhecer, enfeitiça-me na sua sonoridade peculiar, uma voz de corista de cabaret, e inebria-me envolvendo-me em perfumes que só a ela lhe conheço. Quando a encontro sabe sempre como me seduzir. Quando parto não sinto que sou eu a abandoná-la no quarto mas que acordo com o lugar vazio ao meu lado e uma carta sobre a mesinha de cabeceira em que ela escrevinhou apressadamente logo após se vestir e antes de fechar silenciosamente a porta: - até à próxima.
No íntimo sinto sempre que haverá uma próxima vez até que um dia ela queira ficar.


Devo dizer-te que as histórias, nas tuas palavras, me soam geralmente como quadros (já o referi acima); tento vê-los como fotografias (caio sempre nessa tentação quando leio uma história, possivelmente devido à minha paixão pela fotografia) mas não as consigo enquadrar entre a abertura e fecho do obturador, sinto sempre o cheiro sempre das tintas e as cores misturadas nas palavras; é um modo muito pessoal de ler as histórias mas gosto de as sentir assim. Há todavia uma história tua que se desenquadra do que acabei de dizer e que gosto de reler de quando em vez pelo belíssimo instantâneo que conseguiste: passageiros.
Gostava de te lançar um dia um desafio que consistiria no inverso: saber a história que encontrarias numa fotografia e as palavras que a construiriam; gostaria muito de ver o resultado. Depois deixa-me saber a tua opinião.


E à parte de tudo isto como te sentes de volta à labuta? Custa, eu sei, mas saberá sempre bem, por certo, saborear de novo os entardeceres do Tejo, os sons e os cheiros desta cidade que um dia, de um modo diferente de Paris, aprendi a amar.


Bem vinda!
Beijos.


17 abril 2006



Em paragens distantes comecei esta missiva. Do outro lado do oceano. Costas de águas quentes, febre de existência, o calor que estala a pele e impede um pensar dolente.
"Os dias passam e a vontade da natureza toca-me subitamente através da sua virtude e não da sua profundidade. Consiste o valor na sua vontade de afirmação, o poder de existir, sem se impor.
Sendo. É desta maneira que a natureza não é igual em todo o lado. Nem mesmo os princípios que estamos habituados a não contrariar por fidelidade à constância da ciência. A saber, a gravidade, a luz, o valor das palavras, do pensamento, o peso do oxigénio.
Não são só os cheiros que mudam.
Momentos nocturnos, sem fronteiras de luz, dançando na praia com meninos que são quase de rua porque é onde passam mais tempo.
Meninos pretos, muito afáveis, que nos contam histórias sobre as famílias e sobre a escola e a capoeira.
Convidam-nos para dançar e perguntam se somos casadas.
Porque eles casam com 15 anos.
N. contou-me que a sua noiva o enganara com outra rapazote e que ele desistira do casamento.
Presenteavam-nos com dobragens de folhas de cana, sem pedir nada em troca, entrelaçavam o verde até ser uma cana de pesca com um peixinho, um gafanhoto perfeito, um botão de rosa.
E depois a lua cheia que gira sem parar. É pelo menos real a vertigem quando me deito na areia ainda quente e olho na direcção da barriga para cima.
A vertigem continua, com a lua quase cheia sob o céu cinzento de anoitecer, a seguir o nosso carro, rente aos campos verdes de cana. Tião, o condutor, sem perder o fio à meada dos caminhos das praias paradisíacas, desfia as nossas curiosidades- os trabalhos mais duros do Nordeste são o trabalho na cana-do-açúcar e a apanha de caranguejos no manguezal. O trabalho que os pobres fazem.
Casas assimétricas sem reboco, as famílias de serão às soleiras, roupa colorida nos estendais perfazem o dia.
O ar quente e o areal tem a extensão dos sentimentos grandiosos. O tempo com as mãos e os olhos cerrados perante o canto dissonante e vivo das cigarras.
Nos dias seguintes, parece ser um urubu de cauda recortada e de negritude placente a passear sobre lugares belos e pobres.
Num outdoor de uma cidade grande podia ler-se "Presta-se serviço funerário a animais pequenos". Numa moldura dependurada à porta de uma casa particular, num povoado de beira de estrada, figurava em letras escantilhadas "Ensina-se matemática".
Era capaz de percorrer o Brasil em busca das suas palavras quotidianas.
Que me apaixonei por isso.

Paris e isto não parecem caber no mesmo século.
Há lugares onde é natural ir e crescer nessas idas e voltas como Paris. Há lugares onde nunca me sentirei bem como turista, lugares onde entre o pobre e o rico há um universo.
Só acabei esta carta aqui mesmo.
Em casa.
De volta outra vez.
Desculpa a demora.

06 abril 2006

Salut


Olá,


Eis-me de novo pelas lusas terras, com as baterias um pouco mais carregadas (ou será descarregadas? nunca compreendo bem o efeito das férias em mim). De qualquer modo Paris é sempre Paris venha-se de lá extenuado, exasperado, stressado ou simplesmente preenchido, é uma cidade a que pertenço definitivamente (numa daquelas reencarnações, em que já te disse não acreditar, terei sido por certo parisiense e terei vivido em Montmartre, quase de certeza na Place Emile Goudeau junto ao Bateau-Lavoir, em pleno início de século XX (perdoa-me a soberba da escolha do tempo e lugar mas não me consegui impedir, foi mais forte do que eu possivelmente porque parte de mim se sente permanentemente lá e as vivências seriam mais do que marcantes).
Mas deixo-me de falar de mim e de Paris (sobre Paris teria sempre assunto, sobre mim os tópicos acabarão sempre na efemeridade de umas quantas palavras e por isso restrinjo-me ao momento que vai passando).
Diz-me antes de ti, não tens dado notícias. Sei que deves andar atarefada na eminência da tua viagem e por certo o tempo encurta, acumula-se as minuências que ateimam sempre em aparecer quando tudo já se espera concluído; mas o que seriam as viagens sem tudo isto? já fui de planear tudo mas acabei por desistir, agora preparo apenas o essencial e deixo o resto ao desígnio dos deuses, resta-me sempre algo de novo.
E termino mais uma curta missiva que te escrevo, desta vez de uma biblioteca (o meu acesso à internet em casa teima em não funcionar), constrangido pelo tempo de utilização a que me limitaram.
Fico assim na espera das tuas palavras, antes da tua partida, nem que seja apenas para saber como te encontras.

Beijos